segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Projeto de reuso de água de esgoto tratado vai gerar economia recorde


Maria José Quadros
maria.quadros@redebahia.com.br
Fonte:http://www.correio24horas.com.br
Com previsão de começar a operar em 2015, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o maior empreendimento da história da Petrobras, terá também o maior projeto de reuso de água do mundo na sua modalidade.  Um contrato assinado com a Companhia Estadual de Água e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), em maio do ano passado, vai possibilitar o aproveitamento de água de esgotos tratados nos processos de geração de vapor e resfriamento de caldeiras, entre outros.
A água industrial do Comperj será fornecida a uma vazão de 1.500 litros por segundo, o equivalente a 47,3 bilhões de litros por ano, volume suficiente para o consumo de uma cidade de 750 mil habitantes.  Ou seja, a água potável, de fontes naturais, não será utilizada no processo industrial, deixando de concorrer com o fornecimento para a população.
O projeto de reuso de água do Comperj é o maior, mas não  o único desenvolvido pela Petrobras. Em 2011, o volume reusado foi de 21,5 bilhões de litros, cerca de 10% do necessário para a manutenção das operações da companhia. Com a conclusão dos projetos em curso na área de refino e no seu Centro de Pesquisas (Cenpes), a estatal pretende chegar a 2013 com uma economia de 34 bilhões de litros de água/ano, quase o dobro da utilização de água de reuso em suas operações em relação a 2010, quando foram reaproveitados 17,6 bilhões de litros. 
CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
“A companhia adota um sistema de gestão que visa a ecoeficiência de suas operações e produtos, incluindo medidas voltadas para a busca da eficiência na gestão de recursos hídricos”, diz o gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, Armando Tripodi.
Para atender o Comperj, a Cedae está fazendo um investimento de R$ 1 bilhão na implantação de uma Estação de Produção de Água Industrial, localizada na Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, no Caju, que tratará a água para deixá-la em conformidade  com as características requeridas pela Petrobras.
Será construído ainda um duto  submarino de 17 quilômetros de extensão, que levará a água resultante dos esgotos tratados da Estação Alegria até a reservação intermediária de São Gonçalo; uma estação de bombeamento e duto terrestre levarão finalmente a água por mais 32 quilômetros até a entrada do Comperj, no município de Itaboraí. Caberá à Petrobras o pagamento da tarifa pelo fornecimento da água.
Um convênio assinado em 2008 com a Cedae garante a água potável para o complexo. Para isso, já foi ampliada a Estação de Tratamento de Água de Porto das Caixas, em Itaboraí, que aumentará a capacidade de produção em 100 litros por segundo. Metade desse acréscimo é ofertada à população de cerca de 25 mil pessoas do entorno do Comperj, e a outra metade abastece o complexo em implantação.
Água da chuva  
O projeto de ampliação do Cenpes prevê novo sistema de reuso de água que evitará o descarte de 600 milhões de litros, o bastante para abastecer uma cidade de 15 mil habitantes por ano.
O sistema inclui a recuperação de água de chuva, proporcionando autonomia de água de quatro dias, sem precisar recorrer ao abastecimento público. Com isso, a Petrobras deverá economizar R$ 12 milhões por ano.
Uma Estação de Tratamento e Reuso da Água, em fase de pré-operação, vai tratar todos os efluentes gerados no centro de pesquisas, transformando-os em água de reuso para utilização nos sistemas de refrigeração. A água de chuva de telhados e pisos do estacionamento será captada para posterior uso em irrigação de áreas verdes e descargas de bacias sanitárias.
Ecoeficiência  
Graças às iniciativas diferenciadas no que se refere à sustentabilidade na construção civil - não só na área de gestão de recursos hídricos, mas de energia e de impactos à biodiversidade, entre outros - o Cenpes ganhou em 2011 o prêmio Green Building Brasil na categoria obra pública sustentável.
Outra iniciativa de vulto é a estação de tratamento de despejos industriais da Refinaria do Vale do Paraíba (Revap), em São Paulo, com capacidade para tratar até 300 mil litros de efluentes por hora. Em operação desde o ano passado, 
a estação gera uma economia anual de água de até 2,6 bilhões de litros, já que a água tratada é reutilizada para fins industriais.
Além dos complexos industriais, a economia de água acontece também nos prédios da companhia. Na Universidade Petrobras, situada no bairro Cidade Nova, no Rio, há dois sistemas hidráulicos prediais independentes - um para a água de reuso e outro para a água potável. A água de chuva e de condensação do sistema de ar condicionado é coletada e destinada a limpeza, vasos sanitários e irrigação dos jardins, possibilitando a diminuição de até 40% do consumo diário de água.
O prédio conta ainda com torneiras com sensores, sensores nos mictórios, caixas acopladas nos sanitários e outras iniciativas na área de preservação de recursos hídricos. A mesma preocupação está presente no edifício administrativo da empresa em Vitória (ES), em fase final de implantação.
O prédio conta com estação de tratamento de esgoto onde as águas residuais geradas no edifício são tratadas para reaproveitamento em vasos sanitários, irrigação dos jardins e sistema de ar condicionado.
Nada menos que 30% do consumo diário do edifício virá de água de reuso. Somando-se à economia gerada pelos demais sistemas adotados, deverá haver uma redução de até 163,5 mil litros/dia, ou 23,7% do volume previsto.  

Inscrições para patrocínios a projetos ambientais: até dia 18
Estão abertas até o próximo domingo, dia 18, as inscrições para as seleções públicas do Programa Petrobras Ambiental (PPA) e do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania (PPD&C). As seleções têm o objetivo de democratizar o acesso aos recursos e garantir a transparência nos processos de patrocínio.
Os projetos ambientais deverão estar relacionados ao tema Água e Clima e atuar em uma das linhas do Programa Petrobras Ambiental: gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos; recuperação ou conservação de espécies e ambientes costeiros, marinhos e de água doce; e fixação de carbono e emissões evitadas.
A companhia destinará, em dois anos, R$ 102 milhões em patrocínios a esses projetos, o maior investimento em todas as edições do programa. Já os projetos sociais, que contarão com recursos de R$ 145 milhões, devem estar inseridos em  uma das seguintes linhas de atuação do PPD&C: geração de renda e oportunidade de trabalho, educação para a qualificação profissional e garantia dos direitos das crianças e adolescentes. As inscrições para os dois programas deverão ser feitas no site www.petrobras.com.br/meio-ambiente-e-sociedade/selecoes-publicas.
Sete vezes na liste do índice mais importante de sustentabilidade
De acordo com Armando Tripodi, gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, pelo sétimo ano consecutivo, a Companhia integra o Dow Jones Sustainability Index, o mais importante índice mundial de sustentabilidade que avalia as melhores práticas de gestão social, ambiental e econômica no mundo.
“E, pela sexta vez, (a companhia) recebeu a nota máxima no critério ‘transparência’ e também foi considerada benchmark nos critérios ‘combustíveis mais limpos’ e ‘políticas e sistemas de gestão ambiental’”, explica Armando Tripodi, que também é presidente da Rede Brasileira do Pacto Global. Segundo ele, a Petrobras adota uma gestão alinhada aos dez princípios do Pacto Global da ONU, do qual é signatária desde 2003.
O Plano Estratégico da companhia prevê o desenvolvimento sustentável. De acordo com a Petrobras, o Comperj já segue esse conceito de cuidado com a gestão ambiental, com ênfase no uso racional dos recursos hídricos. Somente na sua primeira fase, a entrar em operação em 2015, o Comperj terá capacidade para processar 165 mil barris de petróleo por dia, contribuindo para abastecer o mercado com óleo diesel, nafta petroquímica, querosene de aviação, coque, GLP (gás de cozinha) e óleo combustível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário